Aqui escrevo, colo e copio!! Se não gostar do que vê, pegue suas alegrias, tristezas e mazelas ocultas e siga em frente, com meus sinceros votos de boa sorte! Caso queira voltar.... no que depender de mim a porta estará sempre aberta....
19 novembro, 2011
17 novembro, 2011
Dedél...
e eu que navegava tão distante
cravada a proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília
Marina Colasanti
Patty Vicensott
haverá sempre
um gesto que surpreenda.
Amor se esconde
nas coisas pequenas.
E a amizade nas atitudes
que refletem maiores que a presença.
15 novembro, 2011
Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui,sei que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída.
Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis.
13 novembro, 2011
12 novembro, 2011
Perdão
Busco em mim o perdão que acredito
Dilacerada e teimosa não o encontro
Há mágoa
Ah... a mágoa!!
Não sai com água e sabão
Não se amarra com cordão
Logo eu que canto
Que não haverá dor
Que me tirará o encanto...
Dilacerada e teimosa não o encontro
Há mágoa
Ah... a mágoa!!
Não sai com água e sabão
Não se amarra com cordão
Logo eu que canto
Que não haverá dor
Que me tirará o encanto...
09 novembro, 2011
06 novembro, 2011
SORRIA
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Sempre haverá nova alegria
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Mesmo intensa a dor
Sorrir sorria
Por mais que seja longa a travessia
A força nunca há de cessar
A felicidade principía
Na vontade de lutar
É indo em frente
É inventando
Que a gente encontra a solução
Nada é tão grave
Nada é perdido
Quando há paz no coração
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Sempre haverá nova alegria
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Mesmo intensa a dor
Sorrir, sorria
A gente faz de um pingo tempestade
Quando perde uma paixão
Vira juiz, condena a humanidade
Esquece que amar é comunhão
É um mais um
É um por um
Ninguém é dono da razão
Há sempre alguém pra ser seu bem
Nada é impossivel pro coração
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Sempre haverá nova alegria
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Mesmo intensa a dor
Sorrir sorria...
A vida é sempre cheia de mistérios
De guerra e paz, de solidão
Uns fazem dela o seu inferno
Comem com o diabo o mesmo pão
Mais nunca é tarde
Nada é tão triste
A felicidade é por um triz
A vida é bela
E a luz existe
Para que quer viver feliz
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Sempre haverá nova alegria
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Mesmo intensa a dor
Sorrir sorria
O mal humor não modifica a vida
Nem impedirá o sol da manhã
Suas lágrimas são ponto de partida
A sabedoria é seu divã
O tempo vai
O tempo vem
E a gente aprende que é capaz
Tá tudo dentro da nossa mente
Voce pode tudo, voce pode mais
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Sempre haverá nova alegria
Sorrir sorrir sorrir - sorria
Mesmo intensa a dor
Sorrir sorria...
EUDES FRAGA
João Bosco - Caminhos Cruzados (Tom Jobim)
É tempo de se pensar,
Que o amor pode de repente chegar.
E esse outro alguém não entender,
Deixa esse novo amor chegar,
Mesmo que depois seja imprescindível chorar.
Nas coisas do amor que ninguém pode explicar!
Vem, nós dois vamos tentar...
Só um novo amor Quando um coração que está cansado de sofrer,
pode a saudade apagar.
02 novembro, 2011
DEVAGARINHO
Ana Jácomo
http://anajacomo.blogspot.com/
01 novembro, 2011
Eu quero - Sérgio Bittencourt
Que você me chame quando precisar
Eu quero saber ir embora
Sem ter dia e hora pra poder voltar
Eu quero quando o tempo passa
Que você na raça saiba me ganhar
Eu quero ter a vida inteira
Pra fazer besteiras e voce perdoar
O que eu sei hoje da vida
Até deus duvida e eu vou te ensinar
Eu sei dizer tudo o que sinto
E até o que não sinto pra me desculpar
Eu sei calar na hora exata
Sei que a dor não mata mas pode marcar
Eu sei traçar a minha meta
Ninguém é poeta por saber rimar
E por falar em poesia vai raiar o dia
E eu te buscar, eu quero juro de verdade
Que toda a cidade veja eu te levar
Por todos os meus descaminhos
Somos tão sozinhos que o melhor
Mesmo é se dar
Eu quero que voce se dane
E mesmo que eu te engane
É assim que eu sei te amar
É assim que eu sei, eu sei te amar
É assim que eu sei, eu sei te amar
31 outubro, 2011
Instante
E tantos houve
Só e só o instante
Fica imorredouro na memória
Completo, incoercível
Um triz
Onde cabe o mundo todo
Do lado de fora do enlevo
E o profundo se mistura
Ao mais superficial
Sem procura de rumos
Ou padecimentos
Revestido apenas do encanto
Da entrega
E da inteira presença
Do muito de cada um
Definitivo só o instante
E tantos houve
E tantos não haverá
Marcos Quinan
http://abaribo.blogspot.com/2011/10/instante.html
PRESO A TI POR MIM MESMO
O que te prende a alguém que já não amas?
O que te mantem preso a um mundo que te sufoca?
O que retem teu grito de angústia, em fúria louca, na tua boca?
Digo-te:
ainda que negues por vaidade
é tua covardia que te rouba a liberdade.
CHGonçalVES
http://jardimdapalavra.blogspot.com/2011/10/preso-ti-por-mim-mesmo.html
De onde vem a calma
Fã de Ceumar (Coelho), acabei descobrindo Rubi, que depois achei no meio da "sujeira musical", como define o monte de cd's espalhados por seu carro, meu querido Nilson Chaves,(outro grande da música) - aí bebi na fonte com vontade, li e reli - ouvi demais, aprendi todas as músicas, comecei a capturá-lo pela net.
E minha filha que gosta de Los Hermanos me "apresentou" Marcelo Camelo, que descobri ser grande compositor, eu nunca tinha observado, por não dar muito ouvido aos Los Hermanos, faço aqui meu mea culpa. Camelo que assina essa e outras músicas tão bem interpretadas por Rubi , que tive a grata surpresa de descobrir ser meu conterrâneo - tão goiano quanto eu!
Mãos Dadas
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade
29 outubro, 2011
CORAÇÃO ABERTO
03 outubro, 2011
O importante é decidir!
01 outubro, 2011
Coração Cigano
Carrossel sem direção
A girar de um modo lento
Pelo vento da ilusão
Nesse eterno movimentoDe saudade, de tristeza e de paixão
Coração roda de engenho
Feito o meu, movido à mágoa
Quando mais mágoas eu tenho
Gira mais a roda d'água
É assim esse desenho
Que só pára
Quando pára o coração"- Edu Lobo e Paulo C. Pinheiro
04 setembro, 2011
Clarice Lispector
- foto de Fernando Quevedo
Oscar Wilde
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Escutar...
A gente ama não é a pessoa que fala bonito. E a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. E na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Todos reunidos alegremente no restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre. Na cabeceira, a avó, com sua cabeça branca. Silenciosa. Como se não existisse. Não é por não ter o que dizer que não falava. Não falava por não ter quem quisesse ouvir. O silêncio dos velhos.
No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem da dor das repressões sexuais. Aprendi que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da solidão.
Acho bonito o taoísmo, filosofia oriental. Para saber como ele é basta ler os poemas de Alberto Caeiro. O taoísmo é um jeito de olhar para o mundo. São muitos os jeitos de olhar para o mundo. Cada jeito, cada mundo. O taoísmo diz que o mundo é feito de encaixes. Tudo vem aos pares. O que não tem par não existe. Tudo é macho e fêmea: yang, yin. Quando as duas partes do par se encaixam faz "clac" - e a felicidade acontece.
Para haver encaixe é preciso que cada pane seja incompleta. Se as partes fossem completas os encaixes não seriam possíveis nem necessários. Como num quebra-cabeça. Cada peça tem de ter um buraco. Esse buraco é para nele se encaixar um "pleno" da outra peça. Se tal buraco não existir, o encaixe não pode acontecer. O quebra-cabeça fica frouxo, solto, desmancha. Mas não acredite nessa palavra "pleno", que usei. Usei por falta de outra. "Pleno" sugere algo completo, em que nada falta. Mas a verdade é outra. Todo "pleno" é um buraco visto pelo avesso. Quando o buraco e o pleno se juntam acontece o encaixe. (Quem já montou quebra-cabeça sabe do prazer quase erótico que se sente ao fazer uma peça se encaixar na outra. Como se fosse uma metáfora sexual. Confirmação do taoísmo.) Viver é montar um quebra-cabeça. Viver é procurar encaixes.
Acho que os taoístas aprenderam isso observando a boca de um nenezinho sugando o seio da mãe. A boca é um vazio. Sem nada saber ela já sabe sobre os encaixes. Suga o vazio. Seus movimentos rítmicos são a primeira forma de oração, sem palavras. Oração é o vazio que espera. A boca vazia ora pelo "pleno" que a satisfará: o seio da mãe. Mas o "pleno" do seio da mãe é também oração: quer uma boca que o sugue. Quando boca e seio se encontram o encaixe acontece. E a felicidade. O vazio de um é o pleno do outro. O vazio de um é a felicidade do outro.
Assim é o amor. A tristeza amorosa é o vazio desejando o pleno. Sócrates inventou um mito para explicar o amor. Disse que Eros nasceu do casamento entre a "Pobreza" e a "Plenitude". O amor é um buraco na alma. Quem ama é pobre. Falta alguma coisa. Peça desencaixada do quebra-cabeça. O sentimento amoroso é a nostalgia pelo pedaço que me falta, "pedaço arrancado de mim". Assim são o masculino e o feminino.
O masculino é o pleno que ora pelo vazio que o abraçará. O feminino é o vazio que ora pelo pleno que nele se encaixará. Quando os amantes se abraçam e as peças se interpenetram, os corpos se encaixam, como no quebra-cabeça. Todo ato de amor é uma realização efêmera de uma unidade original perdida.
Assim são o yang e o yin, o pleno e o vazio, o seio e a boca, o masculino e o feminino, a fala e a escuta.
A fala é masculina: o pleno, sêmen, semente, penetração (fodere, em latim, quer dizer cavar), ejaculação. Segundo o Aurélio, essa palavra, ejaculação, que é usada normalmente para designar o jato de esperma, significa também "proferir, dizer em voz alta". Ejacular esperma e falar são a mesma coisa.
O ouvir é feminino. O pênis ereto é uma pobreza. E uma súplica, uma oração por uma vagina que o acolha. A semente, para germinar, precisa de um buraco na terra que a acolha. A fala é pobre, falta. Procura o vazio do ouvido. A ejaculação da fala, masculina, acontece num momento. Mas a germinação da escuta, feminina, demanda tempo e silêncio.
Para ouvir não basta ter ouvidos. É preciso parar de ter boca. Sábia, a expressão: "Sou todo ouvidos". Todo ouvidos; deixei de ter boca. Minha função falante, masculina, foi desligada. Não digo nada. Nem para mim mesmo. Se eu dissesse algo para mim mesmo enquanto você fala seria como se eu começasse a assobiar no meio de um concerto. Faço, para ouvir você, o mesmo silêncio que faço para ouvir música.
Vou agora lhe revelar o segredo da escuta. Quando era iniciante na arte da psicanálise tratava de prestar a maior atenção naquilo que o cliente me estava dizendo. Levou tempo para que eu percebesse que quem presta muita atenção no que é dito não consegue escutar o essencial. O essencial se encontra fora das palavras. Fernando Pessoa, essa distração dos deuses, sabia disso e escreveu. Está num poema que ele dirigiu a um poeta. O poeta é um falador. Constrói objetos com palavras. A esse poeta, cujo negócio é falar, ele diz:
Cessa o teu canto.
Cessa, porque enquanto
o ouvi, ouvia
uma outra voz
como que vindo nos interstícios
do brando encanto
com que o teu canto
vinha até nós.
Ouvi-te e ouvi-a
No mesmo tempo
E diferentes
Juntas a cantar.
E a melodia
Que não havia
Se agora a lembro,
Faz-me chorar.
Preste atenção no que está escrito. Fernando Pessoa diz que a fala tem duas partes. A primeira são as palavras que são ditas: a letra. A segunda é uma melodia que se faz ouvir nos interstícios da fala: a música.
A letra é coisa do consciente, cerebral. A música é coisa do corpo, inconsciente. Aquilo a que a psicanálise dá o nome de inconsciente é a música do corpo. Quem diz a letra não percebe que está cantando.
Tem havido tentativas de produzir uma fala que seja só letra, sem a música. A ciência e a filosofia têm-se esforçado por esse ideal - uma fala da qual o corpo do que fala esteja ausente. Fala sem alma, só informação. A voz metálica, monótona, indiferente, de robô, dos serviços de alto-falantes dos aeroportos é uma expressão sensível desse ideal desumano. Você poderia imaginar um diálogo de amor com essa fala? Não existe voz humana que não tenha música.
Aí Fernando Pessoa diz que a letra não tem importância. Não é nela que se encontra aquilo que importa escutar. Pede até ao poeta que pare de falar porque a fala dele atrapalha ouvir a melodia... Esse é o absurdo segredo da escuta: é preciso não escutar o que se diz para se poder ouvir o que ficou não-dito, a música. É na música que mora a verdade daquele que fala.
Assim, se você quiser ouvir bem, não preste muita atenção na letra. Esqueça as lições da hermenêutica, a ciência da interpretação dos sentidos. Aprenda a sentir a música. Todos os tipos de música, do tam-tam dos tambores a Boulez. Porque o que os compositores fizeram foi só fazer tocar em instrumentos aquilo que era tocado pelo corpo. Parafraseando Uexküll: "Todo corpo é uma melodia que se toca." Seria bom se, nos cursos de psicologia, se lesse menos livros e se ouvisse mais música.
30 agosto, 2011
Desamor
Há quanto usavam os teus?
Olhos que me fizeram linda
Me viram tão moça
Acreditaram tanto no que viam
Me convenceram....
Quando perdi teus olhos?
Há quanto se desencantaram?
Deixaram o belo se esvair
A dor se torna implacável
Não quero crer no que vejo
Me entristeceram...
29 agosto, 2011
O assessor do silêncio
vive em meu peito, por dentro
não responde ao censo
não pergunta a hora
ignora o tempo
O assessor habita
palavras silenciosas
o interior das rosas
o quarto mais só das casas
o vento
Quem conhece este senhor
de modos sombrios
traços finos, gestos frios
ensimesmado, assessorando
este mundo calado...
quem priva dele
companheiro da insônia
inquilino do breu...
não sabe ou se sabe não fala
que a casa onde ele se instala
é meu albergue, minh'alma...
o dito cujo, sou eu!
(Sérgio Natureza)