30 agosto, 2011

Desamor

Quando perdi meus olhos?
Há quanto usavam os teus?
Olhos  que me fizeram linda
Me viram tão moça
Acreditaram tanto no que viam
Me convenceram....

Quando perdi teus olhos?
Há quanto se desencantaram?
Deixaram o belo se esvair
A dor se torna implacável
Não quero crer no que vejo
Me entristeceram...

29 agosto, 2011

Paulo Leminski


isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além


O ASSESSOR DO SILÊNCIO
O assessor do silêncio
vive em meu peito, por dentro
não responde ao censo
não pergunta a hora
ignora o tempo
O assessor habita
palavras silenciosas
o interior das rosas
o quarto mais só das casas
o vento
Quem conhece este senhor
de modos sombrios
traços finos, gestos frios
ensimesmado, assessorando
este mundo calado...
quem priva dele
companheiro da insônia
inquilino do breu...
não sabe ou se sabe não fala
que a casa onde ele se instala
é meu albergue, minh'alma...
 o dito cujo, sou eu!
(Sérgio Natureza)